Pesquisadores da UEM criam material com base em pinhão que remove produto poluente
Trata-sem de um material adsorvente de bisfenol A (BPA), ou seja, com propriedade de fixá-lo e, principalmente, removê-lo. Desde janeiro de 2012 é proibida a venda no Brasil de mamadeiras que contenham o BPA, encontrado também na maior parte dos plásticos.
Pesquisadores da Universidade Estadual de Maringá (UEM), em conjunto com profissionais de outras instituições, publicaram internacionalmente um artigo científico que trata do uso da casca do pinhão para desenvolvimento de um material adsorvente de bisfenol A (BPA), ou seja, com propriedade de fixá-lo e, principalmente, removê-lo. O objetivo é reduzir problemas socioambientais.
O artigo “Enhanced removal of bisphenol A using pine-fruitshell-derived hydrochars: adsorption mechanismsand reusability” está publicado em inglês no Journal of Hazardous Materials (Jornal de Materiais Insalubres) – periódico com fator de impacto científico no valor de 9,03, o que o coloca como o oitavo mais relevante do mundo na área das Ciências Ambientais, de acordo com dados do Journal Citation Reports (Relatórios de Citações de Periódicos), além de possuir escopo A1 (o mais elevado) em Química.
O professor Andrelson Wellington Rinaldi, chefe do Departamento de Química (DQI) da UEM, é um dos autores. Ele conta que o grupo desenvolveu hidrocarvões a partir das cascas de pinhão obtidas a partir de resíduos agroindustriais, que são materiais sustentáveis, e está atuando fortemente nesta vertente para minimizar poluentes emergentes. Além de ser poluente, o BPA é um disruptor endócrino, substância que pode levar ao surgimento do câncer, como descrito em diversos artigo científicos relevantes. Por isso, desde 1º de janeiro de 2012 é proibida a venda no Brasil de mamadeiras que contenham o BPA, encontrado na maior parte dos plásticos.
“Devido à agressividade do BPA ao ser humano, diversos sistemas de embalagens trazem em seus rótulos os dizeres BPA free, livre de BPA. O material desenvolvido por nós tem a capacidade de remover o BPA que se encontra dissolvido no meio, ou seja, em solução. É um material extremamente útil, podendo ser empregado em sistemas de purificação da água, inclusive para consumo, além da possibilidade de ser reutilizado”, destaca Rinaldi, líder do grupo de pesquisa Rinaldi Research Group. “Buscamos, de forma incessante, soluções sustentáveis e ambientalmente corretas para sanar problemas oriundos das ações humanas”.
PESQUISADORES – Além de Rinaldi, são autores do artigo internacional Hugo Henrique Carline de Lima, pós-doutorando em Química pela UEM; Maria Eugênia Grego Llop, formanda do curso de bacharelado em Química da UEM; Rogério dos Santos Maniezzo, formando do curso de licenciatura em Química da UEM; Murilo Pereira Moisés, professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e químico egresso da UEM, onde cursou da graduação ao pós-doutorado; Vanderly Janeiro, docente do Departamento de Estatística (DES) da UEM; Pedro Augusto Arroyo, coordenador-adjunto do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química (PEQ) da UEM e coordenador do Laboratório de Adsorção e Troca Iônica do Departamento de Engenharia Química (DEQ) da UEM; e Marcos Rogério Guilherme, professor da Faculdade de Engenharia e Inovação Técnico Profissional (Feitep) e químico egresso da UEM, onde cursou da graduação ao doutorado, além de pós-doutorado na França.