a valorização da cultura afro-brasileira.
Escritora Taylane Cruz participa de conversa com alunos do ensino fundamental, médio e superior em parceria da Universidade Federal da
Escritora Taylane Cruz participa de conversa com alunos do ensino fundamental, médio e superior em parceria da Universidade Federal da Fronteira Sul com o Instituto Federal do Paraná e o Colégio Estadual Cívico Militar Dom Carlos Eduardo.
Para comemorar o Dia Nacional da Consciência Negra, celebrado no dia 20 de novembro, a Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Realeza, em conjunto com o Instituto Federal do Paraná, Campus Capanema, preparou uma atividade para os alunos do
IFPR na manhã de terça-feira (19/11).
Durante a tarde, a mesma atividade foi desenvolvida com uma turma do ensino fundamental II do Colégio Estadual Cívico Militar Dom Carlos Eduardo.
Para este momento especial foi convidada a escritora e jornalista sergipana Taylane Cruz, cronista e contista que retrata em suas obras questões como violência doméstica, racismo e feminicídio, de forma densa, feroz e poeticamente sensível. Ambos os momentos foram muito bem sucedidos, tendo como um de seus melhores momentos a quebra do estereótipo da figura do escritor. O público esperava um homem sério em roupas formais, e recebeu uma mulher negra em roupas de cores vibrantes, engraçada, sensível e de felicidade contagiante.
Além disso, é necessário destacar o grande interesse das crianças e dos jovens pelo romance da autora, Menina de fogo, em que mostra a passagem da infância para a adolescência de Maria, com todas as aventuras, tensões, problemáticas e dilemas dessa fase da vida.
Na noite da terça-feira (19/11), a escritora Taylane Cruz participou da abertura oficial da Semana da Consciência Negra com a mesa “A importância da representatividade da mulher negra na literatura Brasileira contemporânea” que contou com a mediação da professora e doutora Ana Carolina Teixeira Pinto.
A atividade conta com a parceria do Projeto Clube de leitura Leia Mulheres Realeza que realiza encontros mensais para debater obras escritas por mulheres. Nesta mesa, Taylane contou sobre a sua vida como leitora e escritora, mas principalmente do seu projeto literário antirracista, que transpassa por todas as suas obras e mostra o cotidiano de mulheres negras no Brasil: vós, mães, filhas, irmãs, etc. tendo como tema central o silenciamento que essas mulheres sofrem. Enquanto descreve as nuances do nascimento de suas obras e de suas personagens, é visível a emoção que toma conta do público.
A escritora que veio de longe, viajando em dois aviões,conseguiu demonstrar o papel fundamental da literatura na luta contra uma história única: “A literatura me educa a não aceitar apenas uma versão do mundo”, diz ela. Após um dia com a agenda lotada, em que Taylane Cruz interagiu com públicos de idades variadas, a escritora que emocionou a todos está satisfeita com a sua viagem e as interações e conexões feitas, ela afirma que de Realeza levará três coisas consigo: “as árvores lindas da cidade; o carinho recebido por todos; a memória da criança que se emocionou e chorou com a sua fala”.
Formada em jornalismo pela Universidade Federal de Sergipe, Taylane Cruz é uma escritora diversa que se aventurou por diferentes gêneros, com narrativas que transcendem a superficialidade e alcançam a alma dos temas propostos e, assim, tocando a alma dos leitores. Além de trabalhar como cronista na revista Rubem publicou o volume de crônicas Para a hora do coração na mão.
Como contista publicou Aula de dança e outros contos, A pele das coisas, O Sol dos dias e o recém lançado pela Harper Collins Brasil, As conchas não falam, que, por meio de 27 contos, mostra de modo sensível e belo, o horror vivenciado por mulheres negras em seu cotidiano. Ainda conta com o belíssimo romance Menina de fogo, Os últimos dois livros foram apresentados aos públicos e, na UFFS, foram vendidos e autografados.
O Dia Nacional da Consciência Negra surge como resultado da luta de movimentos negros que buscavam maior representatividade por meio do reconhecimento da contribuição que a cultura africana, com seus costumes, tradições e religiões tem na identidade do Brasil.
Do mesmo modo, outra vitória foi a sanção da Lei 10.639/03, que torna obrigatório o ensino de história e cultura africana e afro-brasileira no ensino fundamental e médio. Apesar dos mais de 20 anos da Lei 10.639/03 e do Dia Nacional da Consciência Negra a problemática da representatividade negra no país não está resolvida, assim como as consequências do racismo estrutural do nosso país, o que torna essenciais as atividades organizadas pela UFFS e IFPR, trazendo para a região sudoeste do Paraná o conhecimento, a experiência e a sensibilidade de Taylane Cruz.(Ricardo L. Zivko).