Rumo ao tetra! Flamengo chega ao Carioca-2022 em busca de feito inédito
Equipe comandada por Paulo Sousa pode alcançar sonho que astros como Zizinho, Evaristo, Zico e Petkovic não conseguiram no Estadual
Equipe comandada por Paulo Sousa pode alcançar sonho que astros como Zizinho, Evaristo, Zico e Petkovic não conseguiram no Estadual
O esquadrão capitaneado por Gabigol, Bruno Henrique e Arrascaeta chega à edição do Campeonato Carioca de 2022 com a expectativa de fazer história. Os comandados de Paulo Sousa podem levar o Rubro-Negro ao seu primeiro tetracampeonato na histórias competição. Com grandes campanhas nas edições anteriores, a equipe da Gávea chega como uma das favoritas ao título.
Porém, os rubro-negros lidam com uma “sina” quando se trata desta busca por ampliar hegemonia. Em outras seis vezes, o Flamengo alcançou o tricampeonato carioca e ostentava o posto de favorito ao tetra. Contudo, os tropeços fizeram o sonho escapar. O LANCE! faz um panorama dos “tris” e mostra as gerações do Rubro-Negro que “bateram” na trave.
1945: FLAMENGO NÃO CONTÉM O “EXPRESSO DA VITÓRIA”
Os flamenguistas tinham enchido os olhos dos seus torcedores no tricampeonato de 1942, 1943 e 1944. Os goleiros Yustrich e Jurandir, o zagueiro Domingos da Guia, os meias Biguá, Jacyr e Bria, além de um setor ofensivo que contava com Zizinho, Pirilo, Perácio e Vevê levaram o Fla ao seu primeiro “tri”. Agustín Valido, por sua vez, tinha sido herói da conquista de 1944 ao marcar de cabeça na vitória por 1 a 0 sobre o Vasco.
Em 1945, rubro-negros chegaram a manter alguns jogadores, como Biguá, Bria, Jaime, Zizinho e Perácio. Mas o “Expresso da Vitória” montado pelo Vasco iniciava sua trajetória de títulos e não deu chances aos adversários. O Flamengo acabou a competição em terceiro lugar.
1956: GOLEADA HISTÓRICA, BOAS VITÓRIAS… MAS TÍTULO ESCAPA
Na década seguinte, veio uma nova oportunidade, quando o Flamengo se tornou o primeiro tricampeão carioca da história do Maracanã. Em 1953, 1954 e 1955, sob o comando de Fleitas Solich, a equipe rendeu até samba de Wilson Baptista (o “Samba Rubro-Negro”, que tinha o verso “o Mais Querido tem Rubens, Dequinha e Pavão”).
Vestiram o Manto Sagrado o goleiro García, o zagueiro Jordan, o habilidoso meia Evaristo, o ponta Zagallo, além de nomes como Joel, Duca e Babá. O veterano Dida também foi fundamental no título de 1955, ao marcar os quatro gols da vitória por 4 a 1 na decisão contra o America.
Só que, em 1956, o tetra também escapou. Mesmo em um Carioca no qual o Rubro-Negro aplicou a maior goleada da história do Maracanã (um 12 a 2 sobre o São Cristóvão, com quatro gols de Evaristo, quatro de Índio, dois de Joel e Paulinho e Zé Roberto completando o baile), a equipe deixou muitos pontos bobos escaparem. Seu sonho ruiu de vez ao amargar uma goleada por 5 a 0 para o Botafogo. O Vasco, renovado e com nomes como Bellini, Coronel, Sabará, Pinga e Vavá, conquistou o título carioca.
1980: ZEBRA NO CAMINHO DO GALINHO
O terceiro tricampeonato carioca do Flamengo começou a deslanchar uma geração histórica. Tendo como sua referência Zico ao lado de jogadores do quilate de Junior, Adilio, Carpegiani, Tita e Cláudio Adão, o Rubro-Negro levou o título de 1978 graças ao cabeceio preciso de Rondinelli na vitória sobre o Vasco por 1 a 0.
Depois, a equipe ganhou seu “tri em dois anos”. Organizada pela Ferj, a edição Especial de 1979 (disputada por dez clubes) terminou com Flamengo invicto, tendo como seu artilheiro o Galinho, que marcou 25 gols. No mesmo ano, houve nova edição do Estadual com a presença de times que pleitearam na CBD a inclusão na competição. Realizado com 18 participantes, o Estadual teve um Flamengo também avassalador e campeão. Zico novamente foi o goleador.
A sequência de títulos (completada pelo Brasileiro de 1980) elevou o Flamengo ao posto de favorito ao tetracampeonato carioca. Reforçada pelo zagueiro Luis Pereira e com Andrade e Nunes como titulares, a equipe travou disputas acirradas nos clássicos na busca pelo tetra.
Só que o sonho do título se esvaiu de forma surpreendente: o Rubro-Negro perdeu por 1 a 0 para o modesto Serrano, que marcou com Anapolina. A conquista acabou nas mãos do Fluminense, que bateu o Vasco por 1 a 0, com gol de Edinho.
2002: FRUSTRAÇÃO EM CAMPEONATO CONFUSO
Uma nova chance de tetracampeonato carioca começou a ser desenhada 20 anos depois, em grande estilo. Com Romário como seu astro e uma equipe que contava com Clemer, Athirson, Beto, Fábio Baiano, Iranildo e Leandro Machado, o Flamengo se desdobrou para superar o Vasco campeão da Libertadores de 1998. Rodrigo Mendes foi o herói do título carioca de 1999 ao marcar em cobrança de falta o gol da vitória por 1 a 0.
Em 2000, reforçado com Petkovic e tendo como novidades a afirmação do zagueiro Juan e do meio-campista Mozart, o Rubro-Negro de Carlinhos não deu nenhuma chance para o Vasco que tinha Edmundo, Romário e Felipe. A equipe venceu por 3 a 0 na ida e, posteriormente, contou com gols de Reinaldo e Tuta para garantir o triunfo por 2 a 1 na decisão (Viola fez o gol cruz-maltino).
Em 2001, a nova final com o Vasco trouxe mais emoções. O Flamengo comandado por Zagallo saiu na frente do com Petkovic, mas Viola e Juninho Paulista decretaram a vitória por 2 a 1 na ida, o que dava vantagem ao Cruz-Maltino. No jogo de volta, os rubro-negros viram Edilson Capetinha manter o sonho aceso. Só que o título foi para a Gávea quando Petkovic, aos 43 minutos do segundo tempo, cobrou uma falta no ângulo de Helton e definiu a vitória por 3 a 1.
Passada a euforia, a busca pelo tetracampeonato esbarrou em um Estadual confuso em 2002. A competição foi desorganizada e tinha datas próximas às do Torneio Rio-São Paulo. O Flamengo levou a campo na Taça Guanabara um time reserva. A partir da Taça Rio, abriu espaço para uma equipe mista, em especial depois dos rubro-negros serem eliminados da Copa Libertadores.
O reforço Juninho Paulista chegou a ir a campo. Na meta revezaram Júlio César, Diego e Zé Romário. Na reta final, Athirson, Andrezinho, Beto, Felipe Melo e Leandro Machado também jogaram.
No entanto, na fase final, os flamenguistas patinaram e a eliminação foi sacramentada com uma derrota para o Fluminense. O Tricolor das Laranjeiras foi campeão estadual após vencer os dois jogos da final contra o Americano. Contudo, a conquista ficou sub judice porque o Bangu contestava a anulação do gol do goleiro Eduardo no duelo com os tricolores, em partida válida pela semifinal. Somente em 14 de abril de 2009, o Pleno do TJD negou o recurso dos banguenses, que pleiteavam outro jogo. O título foi homologado pela Ferj em 2010.
2010: A “CAVADINHA” NO MEIO DO CAMINHO
O Flamengo desbancou outro adversário tradicional para se tornar tricampeão estadual no seu novo tricampeonato estadual. Com Léo Moura, Ronaldo Angelim, Renato Abreu, Renato Augusto e Souza em seu elenco, a equipe de Ney Franco empatou duas vezes em 2 a 2 com o Botafogo em 2007. O goleiro Bruno foi decisivo nos pênaltis e assegurou o título no Maracanã.
No ano seguinte, a equipe comandada por Joel Santana contou com a estrela de Obina. O atacante fez a diferença na vitória por 1 a 0 sobre os alvinegros na ida. No jogo de volta, Lúcio Flávio deixou o Botafogo na frente. Só que Obina marcou duas vezes e Diego Tardelli completou a vitória por 3 a 1.
Em 2009, novamente os dois jogos entre Flamengo e Botafogo tiveram empate em 2 a 2. E o Rubro-Negro comandado por Cuca teve Kleberson em dia inspirado e Bruno em grande momento. O goleiro defendeu um pênalti cobrado por Victor Simões no início do segundo jogo. Após o embate acirrado no tempo normal, o camisa 1 pegou duas cobranças dos botafoguenses e garantiu mais um tricampeonato para a equipe da Gávea.
O sonho do tetracampeonato do Flamengo parou, curiosamente, na marca de cal em 2010. Após não terem ido bem na Taça Guanabara, os rubro-negros depositaram suas fichas na final da Taça Rio. O adversário era o Botafogo. Os alvinegros abriram o placar quando Herrera converteu pênalti. Vagner Love empatou ainda no primeiro tempo.
Na etapa final, houve nova chance para o Alvinegro. Loco Abreu partiu para a cobrança e com uma “cavadinha”, deixou Bruno no chão. A bola ainda tocou no travessão e parou na rede. Mesmo com um a menos, o Flamengo se lançou e teve nova chance quando Fahel derrubou Ronaldo Angelim na área. Adriano partiu para a bola, mas Jefferson saltou e espalmou. A busca do título para “forçar” uma decisão em dois jogos do Carioca tinha um ponto final.
CHANCE DE ENTRAR EM GRUPO SELETO
Campeão carioca em 2019, 2020 e 2021, a atual geração do Flamengo pode repetir uma façanha que somente Fluminense e Botafogo conseguiram: um tetracampeonato estadual. A confiança no trabalho de Paulo Sousa para aumentar o potencial do elenco rubro-negro é a esperanças de que a equipe faça história com sobras nesta edição.
(terra).