Prorrogações ameaçam qualidade dos grandes torneios? Euro aumenta debate

Em um mês, jogadores de Espanha e Inglaterra foram levados ao extremo físico e mental em partidas decisivas, e especialista

Em um mês, jogadores de Espanha e Inglaterra foram levados ao extremo físico e mental em partidas decisivas, e especialista diz: “Fadiga consome o atleta, e a chance de fazer gols é menor”.

Espanha e Inglaterra fa, neste domingo, a grande final da Euro 2024. Em menos de um mês, cada equipe disputou seis partidas, algumas com prorrogação e alto grau de intensidade, isso depois de os jogadores passarem por uma longa temporada representando seus clubes.

Com tanto desgaste acumulado, a qualidade da decisão é ameaçada? Os atletas estão fisicamente em risco? Alguém chega em vantagem? Em busca destas e de outras respostas, o ge ouviu Bruno Mazziotti, profissional da saúde esportiva, com passagens por Arsenal, PSG, Corinthians, Cruzeiro, seleção brasileira, seleção uruguaia e que hoje atua como gerente no Real Valladolid.

— Levando em consideração os minutos de acréscimos aplicados hoje nos jogos, já daria quase uma prorrogação. E temos que levar em conta o contexto dos jogos com prorrogação. Normalmente são jogos decisivos, que envolvem muita coisa. Existe uma reserva biológica que o atleta utiliza num último esforço, num sprint final. Isso aumenta o risco de lesões. Pensando no espetáculo e no nível de intensidade, certamente que prejudica. A fadiga consome o atleta e a chance de fazer gols é menor — analisou o profissional.

A Espanha perdeu Pedri por lesão, no início do jogo contra a Alemanha, nas quartas de final. Uma das grandes promessas do Barcelona, o meia de 21 anos sofreu 10 lesões desde 2021, quando fez 72 jogos em um ano, disputando quatro competições pelo Barça + Eurocopa e Olimpíadas na sequência. Pedri é um bom exemplo de como o excesso de minutos em campo pode ser perigoso.

Alguém chega em vantagem à final da Euro?

Por ter feito uma campanha melhor na primeira fase, a seleção espanhola conseguiu poupar 10 de seus titulares no jogo contra a Albânia. Já a Inglaterra usou força máxima em todas as partidas da Euro, com direito ao desgaste de duas prorrogações (contra uma da Espanha), além de uma disputa de pênaltis.

A seleção inglesa ainda fez gols decisivos aos 46 do segundo tempo nas oitavas, aos 35 do segundo tempo nas quartas, e aos 45 nas semifinais, utilizando o desgastante “sprint final”. Após a vitória na semi, nomes como Bellingham e Kane citaram o cansaço sentido pelos atletas ingleses. Apesar deste cenário, Bruno Mazziotti não vê apenas desvantagens para a Inglaterra na final.

— A gente precisa olhar de forma retrospectiva. É saber o perfil de jogadores que tem em cada seleção. Quanto mais jovem é a seleção, maior a capacidade de produzir ações em alta intensidade. Existe, além disso, um dado de média de jogos ao longo da temporada. Neste momento, a Espanha tende a estar mais preparada e fresca para aguentar uma prorrogação. Isso do ponto de vista fisiológico. Do ponto de vista mental e comportamental, a Inglaterra estaria mais preparada para suportar um momento de tanta exigência.

A seleção inglesa ainda fez gols decisivos aos 46 do segundo tempo nas oitavas, aos 35 do segundo tempo nas quartas, e aos 45 nas semifinais, utilizando o desgastante “sprint final”. Após a vitória na semi, nomes como Bellingham e Kane citaram o cansaço sentido pelos atletas ingleses. Apesar deste cenário, Bruno Mazziotti não vê apenas desvantagens para a Inglaterra na final.

— A gente precisa olhar de forma retrospectiva. É saber o perfil de jogadores que tem em cada seleção. Quanto mais jovem é a seleção, maior a capacidade de produzir ações em alta intensidade. Existe, além disso, um dado de média de jogos ao longo da temporada. Neste momento, a Espanha tende a estar mais preparada e fresca para aguentar uma prorrogação. Isso do ponto de vista fisiológico. Do ponto de vista mental e comportamental, a Inglaterra estaria mais preparada para suportar um momento de tanta exigência.

Para Mazziotti, a explicação das prorrogações em torneios como a Eurocopa pode estar na audiência. Tanto os detentores dos direitos televisivos como o público presente no estádio se interessam em assistir a mais 30 minutos de jogo. Mesmo que seja com um nível de intensidade muito menor.

— Com isso eles aumentam o número de substituições. Talvez, nos próximos anos, possamos ter seis ou sete substituições. Ou um jogador poderá sair e voltar para o jogo, como acontece em outros esportes. Para que ele tenha o repouso que possa ser suficiente para voltar a manter seu nível de intensidade mais alto — completa o especialista.

As desgastadas seleções de Espanha e Inglaterra duelam neste domingo, a partir das 16h (de Brasília), em busca do título da Eurocopa. A partida no estádio Olímpico de Berlim terá transmissão ao vivo da TV Globo e do sportv, com o ge acompanhando em tempo real.(GE).