A hora de trocar o técnico da Seleção é agora
Brasil volta a campo apenas em março, quando faltará pouco mais de um ano para a Copa. É preciso um
Brasil volta a campo apenas em março, quando faltará pouco mais de um ano para a Copa. É preciso um treinador estrangeiro.
Sinto-me um pouco culpado por escrever mais um texto defendendo a saída de Dorival Júnior da Seleção. Por dois motivos principais: porque não acho que ele seja o grande culpado pelo momento do time; e porque não acredito em trocas sucessivas de técnico como caminho para solucionar uma crise.
Mas me parece necessário. O núcleo dessa história não está na eventual saída de Dorival: está na chegada. A CBF escolheu um bom treinador, um profissional correto, mas que não tem a estatura que o desafio exige. E isso não é exclusividade dele: vale para todos os técnicos brasileiros neste momento. Talvez as coisas mudem para o próximo ciclo (Filipe Luís é um nome promissor), mas agora o cenário é esse. É preciso um treinador estrangeiro.
Se a CBF mantiver Dorival, a Seleção irá à Copa – isso não é uma questão (são seis vagas diretas e uma de repescagem, por favor). Mas que Seleção é essa que irá à Copa? Com que futebol chegaremos a 2026? Quais são as perspectivas?
O empate por 1 a 1 com o Uruguai, nesta terça-feira, em Salvador, mostrou um time sem soluções, sem ideias, enrolado pela teia da marcação adversária. E não é novidade. A quantidade de treinos é uma explicação justa, mas na Copa América houve mais tempo, e o desempenho não foi muito diferente.
A hora de trocar é agora, já que a Seleção volta a campo apenas em março, para dois jogos duríssimos, contra Colômbia e Argentina. Não faz sentido esperar. Passadas essas duas partidas, restará pouco mais de um ano para a Copa do Mundo. O relógio tiquetaqueia.
Na minha opinião, Abel Ferreira seria o nome ideal para o momento – dada a impossibilidade de se contratar Guardiola, que prorrogou o contrato com o Manchester City. Tenho algumas reservas, desgosto do comportamento, mas ele é dono do melhor trabalho no Brasil nos últimos anos. Está acima do que vêm fazendo os técnicos brasileiros. Sabe potencializar talentos e mobilizar elencos. E traz a vantagem de conhecer nosso futebol intimamente.
Com ele ou qualquer outro treinador, não haveria garantia de nada, dada a situação criada pela CBF com o fiasco da tentativa de contratação de Carlo Ancelotti – antecedida pela passagem meteórica de Fernando Diniz pelo cargo. Não passaríamos, num estalar de dedos, a favoritos ao título mundial. Mas haveria esperança, e isso já é alguma coisa.(GE).