Botafogo é favorito sem que o Atlético seja azarão na final da Libertadores

Galo não foi tão exuberante quanto o adversário ao longo do ano, mas construiu uma competitividade e uma força mental

Galo não foi tão exuberante quanto o adversário ao longo do ano, mas construiu uma competitividade e uma força mental invejáveis. Decisão está em ótimas mãos.

Não há vírgula a se colocar na presença de Atlético-MG e Botafogo na final da Conmebol Libertadores. É justo que eles estejam lá – pela força que foram adquirindo ao longo do torneio, pelo tanto que se tornaram competitivos, pelo evidente aumento de qualidade no decorrer da temporada. Será uma grande decisão, e ela estará em ótimas mãos.

O Botafogo joga o melhor futebol no país em 2024. É o time mais talentoso do Brasil. O quarteto ofensivo, com Savarino, Luiz Henrique, Thiago Almada e Igor Jesus, concentrou alguns dos momentos mais bonitos da temporada – o segundo tempo do jogo de ida contra o Peñarol foi sublime.

O Atlético não foi tão exuberante ao longo do ano, mas construiu uma competitividade e uma força mental invejáveis. Os dois jogos contra o River Plate, adversário pesadíssimo, mostraram uma equipe à beira da perfeição: capaz de engolir o rival no primeiro jogo e de controlá-lo no segundo, em um ambiente hostil, em um estádio espumando pela classificação. É um time que mostra muita maturidade – aliada à qualidade de jogadores como Paulinho, Gustavo Scarpa e Hulk.

O Botafogo jogou menos contra o Peñarol no Uruguai do que o Atlético contra o River na Argentina, mas as circunstâncias ajudam a explicar isso. Os cariocas construíram vantagem maior contra um adversário mais fraco na partida de ida – por isso, se permitiram o luxo de poupar os jogadores pendurados e fazer um jogo protocolar, de sobrevivência. Não foi a partida dos sonhos, mas bastou. O Galo, por correr mais risco, se viu obrigado a proteger a classificação.

Antes, o Botafogo teve caminho mais duro. Enfrentar Palmeiras e São Paulo é uma estrada mais sinuosa do que encarar San Lorenzo e Fluminense (em uma versão que pouco lembrava o time campeão da Libertadores no ano passado). Foi ali, especialmente contra o Palmeiras, que o time de Artur Jorge deu sinais de que poderia mesmo ser campeão – depois de também passar apuros na primeira fase, quando renasceu após perder os dois primeiros jogos.

Se minha sobrevivência dependesse de acertar o campeão da Libertadores de 2024, eu apostaria no Botafogo. Acho que tem mais chances – pouca coisa, mas tem. E por dois motivos principais: porque o time me parece mais encaixado e porque acredito que seu setor ofensivo possa ser ainda mais decisivo do que o do Atlético. Mas isso, tamanha a qualidade dos times, não significa considerar o Galo azarão – não teria cabimento. Se o time de Gabriel Milito for campeão, não será surpresa alguma.

E ainda há um mês pela frente até a decisão. Muita coisa vai acontecer até lá, especialmente porque os dois times partem com tudo em busca de outros títulos – o da Copa do Brasil para o Atlético, o do Brasileirão para o Botafogo –, o que ajuda a explicar por que eles são os grandes finalistas da Libertadores da América.(GE).