“Angola é Botafogo”: como a influência de Bastos aumentou a visibilidade do clube na África

Zagueiro é visto como exemplo de sucesso entre os angolanos, que adotam o Botafogo como time. O retorno de Bastos

Zagueiro é visto como exemplo de sucesso entre os angolanos, que adotam o Botafogo como time.

O retorno de Bastos à seleção de Angola após três anos tem muito a ver com o Botafogo. Afinal, o jogador aparece como um dos destaques no Campeonato Brasileiro na temporada. Mas o tempo fora do zagueiro nada tinha a ver com futebol: ele foi escanteado por questionar a falta de organização da Federação Angolana em 2021.

Uma “comoção nacional”, como o ge explicou em matéria em agosto, ajudou Pedro Gonçalves, técnico de Angola, a vencer a queda de braço com a entidade e voltar a convocar o zagueiro. O resultado? Quatro vitórias em quatro jogos e classificação com antecedência para a Copa Africana das Nações de 2025.

Bastos é visto como um símbolo em Angola porque saiu cedo do país para atuar na Europa. Ele foi recebido com festa no aeroporto em Luanda para o retorno à seleção em agosto.

A influência do zagueiro respinga positivamente no Botafogo.
– Bastos desde cedo mostrou que faz a diferença. Não deixou de jogar pela seleção por falta de qualidade. Todos os angolanos assistem aos jogos do Botafogo. Se não assistem por causa do fuso horário, pelo menos no dia seguinte procuram saber como o Bastos foi no jogo, qual o resultado. Se alguém não assistiu, nós estamos lá para dar a notícia. O Botafogo não era um dos times mais conhecidos aqui, mas hoje digo que por causa do Bastos parte de Angola é do Botafogo, todo mundo quer que o Botafogo ganhe. Em todos os países que o Bastos jogou ele ganhou alguma taça, aqui estamos à espera que ele vença algo no Brasil. O carisma é algo que ele carrega consigo e transmite para os outros. Botafogo hoje está na boca dos angolanos – afirmou Hamlet Campos Júnior, jornalista da “VisualFoot”, que cobre o futebol angolano, ao ge.
A conexão de Hamlet com Bastos vai além das análises: Hamlet Campos Sênior, pai do jornalista, foi o responsável por transformar o camisa 15 em zagueiro ainda no time juvenil do Petro de Luanda. O atleta chegou lá como ponta, mas o técnico o trouxe para a defesa por causa da altura e porte físico.
Bastos está a três jogos de entrar para a lista dos 10 atletas que mais atuaram pela seleção de Angola na história – marca que teria alcançado se não tivesse sido afastado. Mesmo longe, nunca perdeu a relação com o país: sempre visita Luanda nas férias e tem uma fundação para ajudar crianças e pessoas menos favorecidas na cidade.
– Não acho que alguém acreditaria que o Bastos ficou três anos longe da seleção angolana. Poucos jogadores com o nível dele passaram por aqui. Ele é convocado depois de todo esse tempo, faz dois treinos e é um dos melhores jogadores. Não é para qualquer um. É como se nunca tivesse saído – analisou Hamlet.
– A popularidade do Botafogo disparou. É raro não sabermos os jogos do Botafogo e os dias que o clube vai jogar. Nós queremos saber o que está acontecendo. Até agora neste momento, que o Bastos não está lá. Queremos que as coisas continuem acontecendo bem, para que quando ele volte encontre o barco na direção certa. Estamos torcendo e jogando com o Botafogo. Hoje o Botafogo tem a força dos angolanos. Se o Bastos levantar um título automaticamente nossa bandeira também será levantada, ele é muito patriota – completou o jornalista.
O zagueiro chegou ao Alvinegro na meio do ano passado e se tornou o primeiro jogador angolano da história do clube. Os primeiros meses foram de adaptação e poucos jogos, mas a temporada 2024 é de titularidade absoluta com Artur Jorge. São 52 jogos pelo clube e quatro gols marcados.
– Desde o momento em que cheguei no Botafogo, acredito que 50% dos angolanos tornaram-se botafoguenses. Falo com amigos sempre que possam e todos eles viraram botafoguenses – contou o zagueiro ao ge.
O desempenho no Alvinegro e a carreira com passagem em clubes como Lazio (Itália) e Al-Ahli (Arábia Saudita) fizeram Bastos virar uma referência no país até para pessoas famosas em Angola. Nesta Data Fifa, Vidinho, outro zagueiro da seleção, compartilhou uma foto recebendo a camisa do clube carioca das mãos do camisa 15.No começo do mês, o rapper Claudio Kiala, um dos cantores mais famosos do país, foi ao podcast “Artigo 40º” com uma camisa de Bastos. O zagueiro até comentou em uma publicação do artista nas redes sociais.(GE).